terça-feira, 1 de setembro de 2009

Detetive Lázaro Lemos: Rápido, Barato e Garantido. (O Rei do Rock -Fim- Good bye Lady)


Foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, o bar tinha banheiro e eu precisava mijar e no balcão Mário Babão! Puta que sorte, ele parecia estar numa concentração nervosa e demente. Pensei, ‘vou no banheiro e que se foda!’ Passei pela suas costas. Não sei se me viu ou não, e se me viu não se importou, talvez ele tivesse um ‘ponto fixo’ para daqui a pouco que eu, nem ninguém dali, fazia parte. Não queria entrar em sua mente, era lelé. A arma estava em suas costas, fui para o banheiro e me aliviei, não lavei as mãos e voltei. Agora poderia sentar atrás dele ou do lado, sentei do lado, pedi uma cerveja e um maço de cigarros.
Dei um gole mas não estava afim de beber, abri o maço de cigarros e acendi o cigarro, tinha duas banquetas que nos separavam. Ele olhou para mim, acenei num cumprimento balançando a cabeça, ele foi nervoso demais para que eu pudesse ter-lhe oferecido cigarro, e também me pareceu um sujeito que não aceite cigarros de estranhos. Um cuzão!
No meio da segunda cerveja e do sexto cigarro uma movimentação lá fora o tirou do transe, eu já tinha até desconfiado que ele não iria fazer porra nenhuma, que iria ficar ali até a manhã fissurado na merda do balcão. Só faria alguma coisa se ele fizesse, esse era meu lema ali. Mas a movimentação pelo visto era a chegada do cara. Ele se levantou e deu um passo para ver melhor, eu fingia ver tv, ele deu mais um passo, ajeitou a arma nas costas e voltou rapidamente, tirou deizão do bolso e falou ‘tá pago’, não entendi o porque, pois não bebeu nada, e outra quem ia fazer o que ele ia fazer, porque pagar? Caralho, que cara estranho.
Ele foi saindo e eu me levantei tirando deizão do bolso e deixei no pé da garrafa, peguei o cigarro e meti no bolso, fui saindo na moral, ele parou na ponta da calçada e eu na porta do bar. Duas ‘Vans’ pretas estavam paradas na porta onde eu falei com o segurança, alguns carros de imprensa, fotógrafos e jornalistas, não muitos, poucos fãs. Saíram várias pessoas de dentro delas, mas da segunda saiu o bacana, óculos escuros, uma camiseta preta apertadinha e calça de couro e botas, tudo bem viado.
Mário ameaçou atravessar a rua, conferiu a arma nas costas, esperou um carro passar, outro. O figura falava alguma coisa aos jornalistas lá na frente, tive a impressão de que nos viu. Uma moto foi o último obstáculo, o rapaz ameaçou ir, ia levando a mão nas costas para sacar a arma quando eu a arranquei do rego. Tomou um susto que quase caiu, foi engraçado mas não ri, achava o sujeito louco, e esperava qualquer coisa louca pro meu lado, dois tiros nas pernas eu daria, não mais que isso.
- Pra quê que é isso, heim?! Disse guardando sua arma e apontando a minha para ele: -Vem pra cá, saí daí! – Falei apontando a calçada, tive a impressão que ele ia aprontar uma cagada, respirei já preparando o sapeco, ele olhou pra mim e olhou pro carro que vinha passando, olhou mais uma vez para o figurão, que me parecia ver tudo – Nem tenta maluco! Jeitei o dedo no gatilho e ele veio pra calçada, não dei moleza – Vai vamô! Ele olhou para mim cheio de ódio, mas foi algo covarde e mesquinho que vi, que nem liguei. O nervosismo o deixou burro e estúpido. Esperei que ele perguntasse quem eu era. Mas não, foi caminhando feito um imbecil cordeiro – Vai sai fora! Caminha e não olha para trás! - E mirei um chute no rabo, mas não dei. Andei mais uns passos, parei e ele seguiu. Olhei pra trás e o figurão tinha entrado, olhei pra frente e o ‘Lelé’ tinha apertado o passo, fiquei parado guardei completamente a arma. Pronto.
Recebi uma massagem de uma ‘chinesinha’ que dormi relaxado a noite toda.

Pela manhã acordei com o telefone tocando, engano. Vesti uma calça e a mesma camisa, sentei na cama e procurei os sapatos, calcei-os. Me levantei e apertando o cinto fui até a pia lavar o rosto, mas desisti, a primeira água do dia sai amarela de ferrugem e estou evitando abrir. Passei pela banca, peguei um jornal e o Zéca não falou nada, ainda bem, paguei e atravessei a rua. Entrei no bar, pedi três pães de queijo e um café. Abri o jornal e fui direto no caderno cultural coisa que eu nunca faço, nem o leio. Procurei alguma coisa sobre o show, achei uma chamada não muito grande: “Ontem a noite mais uma página do rock n’ roll foi escrita” Coloquei o caderno junto com os outros, dobrei e pus ao lado do balcão. Mordi um pão de queijo e dei um gole no café.
***

Esses dias perguntei o nome do cara para Luiza (minha secretaria) e até anotei para não esquecer: Lou Breed.


Trecho do Romance: “Detetive Lázaro Lemos – Rápido, Barato e Garantido”

04/08/03
J.R.Bazilista
ps: Sempre imaginei essa parte do romance terminando ao som de Good bye Lady, do próprio Lou Reed.

3 comentários:

Débora S.M.G disse...

ADOREI ESTA!!

Anônimo disse...

Ilustrei e coloquei aqui a história especialmente pra você, seus comentários sempre me dão pique pra continuar. Ontem falei com seu irmão(não sabia que ele estava em sampa, se tudo der certo, ano que vem voltamos de mala e cuia pra lá!!!)

o Cacão tb me deu a maior moral!
Meus amores!!!!!

Dé só você deixa os comentários, a cambada vem aqui, olha e vai embora sem deixar rastro, é chato isso, nem um oizinho (ou uma ai que bosta!!) anônimo, ninguém escreve nada!

O Taxidermista

Unknown disse...

e assim foi mais um dia intenso na vida de Lazaro !... caraio Zenfa quando sai um historinha do Zenfio!!!!orrra ja faz um tempao que eu te peço eim!!!