sábado, 22 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Detetive Lázaro Lemos: Rápido, Barato e Garantido. (O Rei do Rock - parte 3)


É, ISSO, já é bem diferente!Peguei um pedaço de papel e uma caneta de dentro de uma latinha e anotei o lugar que seria o show.
- Escuta Alan, você pode colocar alguma música do cara?
Ele pareceu não entender, nem eu, mas por algum motivo achei que poderia ajudar.
- Claro!
Foi para o computador e colocou uma música.
- Essa é da fase que meu irmão adora.
- A música era boa mesmo, uma pena ser em inglês e eu não entendi nada, tive a impressão de já ter ouvido, a melodia não me pareceu estranha. Aí ele interrompeu dizendo:
- Essa é da fase que meu irmão detesta.
A música era uma bosta realmente, o rapaz tinha bom gosto, me veio uma vontade maníaca de deixa-lo matar o cara.
- Alan qual é o nome do seu irmão?
- Mário.
Perguntei se ele tinha uma foto recente, qual a cor de camisa que ele estava usando e coisas do gênero, anotei tudo e disse para ele ficar tranqüilo.
Fui saindo e ele me acompanhou com a cadeira. Na porta quando eu já estava do lado de fora:
- Detetive, isso é tudo o que eu tenho, depois posso arrumar mais.
Me estendeu umas notas, peguei e no elevador contei setenta e cinco contos. Entrei no carro e rumei para a casa de show, pois segundo o plano do Mário o cara iria fazer uma passagem de som antes da apresentação. Liguei o rádio, caso já estivesse falhado ficaria sabendo.
O trânsito impossível, claro. Parecíamos todos mortos dentro dos carros. Quarenta minutos depois e de quase ter atropelado duas crianças que vendiam balas num farol eu estava passando em segunda, bem devagar, em frente ao Overhall (era esse o nome do clube). Vi um estacionamento, dei seta, entrei e guardei o carro mais ou menos no meio, onde tinha mais vaga na verdade. Quando caminhava ajeitando o revolver debaixo da jaqueta, quase na saída um sujeito se aproximou, dei a ele cincão e falei que não demorava. Normal.
Atravessei a rua e fui pela calçada do Overhall, olhando a redondeza e imaginando a cena que eu teria que evitar, projetava a imagem do rapaz aparecendo num táxi, do nada e sentando o dedo no infeliz, ou abrindo espaço na multidão que poderia o cercar, se aproximar “Hei!” Blá. Blá. Blá! E a gritaria.
Tirei tudo isso da cabeça, não queria que realmente me pegasse de surpresa. Vi o nome do sujeito e anúncios de outros shows e numa porta um pouco mais a frente um grande segurança, caminhei até ele.
- Oba!
- Oba.
- O Sergio taí? Claro que não conhecia nenhum Sergio, mas resolvi arriscar.
- Quem?
- Ele falou que no show de hoje tem vaga e que era pra eu pintar por aqui, vai vê que ele ainda não chegou!
- Ele é da turma do Geraldo?
- Acho que foi isso mesmo que ele falou, “eu sou da turma do Geraldo”, ou foi Geraldão, puta, não lembro a gente tinha tomado quase meia caixa.
- É só pode, porque a turma do Geraldo chega mais tarde.
- Então é.
Cada uma!
- Escuta, o figurão já chegou?
- Não, mas já tem moleque enchendo o saco aqui desde cedo!
- É foda!
- Esses caras são tudo tonto!
- São memo!
- Queria ver se fosse eu...
Nesse momento chamaram ele pelo rádio. Ele deu dois passos para o lado, respondeu um treco que eu não entendi. Eu falei que ia comprar cigarros e que se o Sergio pintasse dissesse que eu estive por lá e que estava na área. Ele balançou a cabeça tomado pelo rádio. Ficou lá respondendo uns ‘positivo, positivo’, feito um grande perdigueiro idiota e adestrado enquanto eu me mandei.

Zenfio esse eu fiz com a Bia quando ela era pititica.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

os PEQUENOS


Detetive Lázaro Lemos; Rápido, Barato e Garantido ( o rei do rock - parte 2)





Pelo elevado até que foi. Vila Juliana lugar de bacana, a cara da Luiza. A rua era próxima ao metrô. O prédio como eu imaginava, mini-paraisos com sacadas enormes. Parei quase em frente da portaria.
Fechei o carro, atravessei a rua e já fui intimando o porteiro.
- Fala pro Alan do 74- bloco B, que eu já cheguei, Lázaro Lemos.
O sujeito ficou olhando pra mim e juro por deus que eu não sei o que ele pensou.
Pegou o interfone, me anunciou, mandou uns “Am-rãm”, “Certo, certo”, desligou e me explicou:
- O senhor entra por aqui – apontou – o bloco B é a segunda entrada.
Agradeci e fiquei pensando se o bloco C era a terceira entrada.
Era um condomínio de bacanas realmente, nem sei quanto valia aquela merda toda, me bateu uma certa tontura e uma certa náusea que me obrigou a cuspir na frente do elevador. Tentei me acalmar e passei o pé em cima do cuspe e meu sapato ficou escorregando, quando o elevador abriu sequei-os antes de entrar. O elevador subiu macio como se tivesse manteiga nos cabos. No sétimo a porta abriu e eu saí.
Um garoto de uns quinze anos, branquela e cumprido, sentado numa cadeira de rodas me esperava. Estendeu a mão dizendo, mais uma vez ser amigo de Luiza. Peguei-a meio sem jeito, me deu uma dó do cacete, um mulecão daqueles sentado naquela bosta.
- Entre, meus pais não estão, é sobre meu irmão, ele ta louco!
Fui entrando e me foi normal perguntar onde estavam seus pais.
- No Canadá em um congresso, são médicos neurocirurgiões, os dois.
- E seu irmão?
- Meu irmão seu Lázaro...
- Detetive certo! Falei isso olhando a sala e a decoração. Ele pareceu melhor ao me chamar assim.
- Meu irmão detetive vai matar o (aqui ele falou um nome dum sujeito que eu perguntei umas três vezes e num lembro e também não fazia a mínima idéia de quem era), eu falei quem, e ele tentou me explicar o que se tratava. O irmão era fã desse cara, que eu não me lembro o nome, segundo Alan tinha esse cara como uma espécie de Deus. Fomos entrando pelo apartamento e ele falando, falava que o cara tinha sido líder de uma das principais bandas de rock do mundo, segundo o irmão, a principal.
Um caso de fanatismo, pensei.
O quarto do irmão era todo forrado com fotos do cara, uma viadagem só!
- O quê te leva a pensar que seu irmão faria alguma coisa contra o cara?
- Uma que ele vivia dizendo que o cara depois dos anos setenta se encontrava em constante decadência, tá vendo aquele pôster ali – apontou – aquele é de quando meu irmão achava o cara o máximo, ta vendo aquele outro – e apontou novamente – esse é de quando meu irmão o detesta.
Tinha diferença é claro, no primeiro o sujeito usava poupa de couro, coleira, óculos escuros e cabelos quase raspados e tingidos de loiro, no segundo um sobre tudo cinza e os cabelos pretos batidinho e cheinhos na parte da nuca, bem anos oitenta. Isso só não era normal para um fanático, que não vê que não se pode ser jovem para sempre.
- Segundo foi isso – Ligou o computador e me mostrou uma espécie de diário que o irmão tinha escrito, onde narrava que o mataria no show previsto, li rapidamente, era simples e me pareceu eficiente,o sujeito ia se aproximar e mandar o outro pra bosta, iria ser preso e sair na primeira página dos jornais do mundo todo, pois segundo ele milhares de fãs tinham a mesma opinião que a dele, já tinha dado pro cara.
- Bem, até aí são só opiniões do seu irmão...
- E isso detetive. Ele abriu um guarda roupa e jogou em cima da mesa uma caixa de uma pistola e me entregou uma caixa de balas 380.

Nesse dia eu tava PUNK


sábado, 8 de agosto de 2009

Trecho do "Detetive Lázaro Lemos: Rápido, Barato e Garantido" (O rei do rock 1°parte)






O rei do rock

Era a segunda vez que o telefone tocava naquele dia. A primeira, pela manhã, engano. Agora não fazia a mínima idéia de quem era, tomara que fosse um caso, as coisas estavam devagar, não era nem preciso olhar pela janela para notar que o mundo não estava em paz, mas ninguém parecia precisar de um detetive. Acaso não fosse um caso, talvez teria que voltar a fazer bico de segurança de loja de calcinha. Deixei tocar uma segunda e terceira vez e atendi:
- Alô!
- Alô!
- Alô! Era um retardado, ai caralho!
- Quem fala? Falei já puto.
- É o detetive Lázaro Lemos?
- Certo!
- Detetive eu preciso de um serviço do senhor.
- Senhor não, e eu não atendo por telefone.
- Mas eu preciso de sua ajuda.
- Escuta é só pintar aqui no meu escritório, ou...
- É que eu não posso me locomover direito, não tenho muita prática com a cadeira pelas ruas.
- Bem nesse caso...
- Eu sou amigo da Luiza, ela que me falou do senhor, quer dizer, de você.
Ele tinha a palavra mágica, Luiza.
- Escuta, você não falou seu nome.
- Alan.
- Viu Alan, onde posso te encontrar?
- Você pode vir até meu prédio?
- Claro.
- É sobre meu irmão, é de vida ou morte.
- Tudo bem Alan é só me dar o endereço.
Ele passou: Rua das Freiras, Vila Juliana, edifício Britsh Garden Gold, apartamento 74, bloco B.
- Você sabe onde fica!
- Claro Alan, já fui cobrador e carteiro, já estou chegando.
- Por favor, é que meu irmão...
- Alan fica frio e vá abrir a porta.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Paulina (Acho que já vi como Pauline)



Em memória de Paulina Suslova.

Tudo quanto era “Dade” ou aquele poderoso salto-alto


Ela pegou minha Ingenuidade e jogou no chão, sapateou em cima e as pontas dos saltos a fez em pedaços.
- Porra, mas que... Lamentei.
Pisava sem dó, ali na minha frente.
- O quê você ia fazer com isso? Perguntou.
Poderia responder, mas com minha Ingenuidade naquele estado não tinha palavras.
Já no nosso primeiro encontro, tinha feito o mesmo com a minha Espontaneidade. Devia estar preparado.
Minha Sensibilidade também não andava legal! Esse salto fino é implacável, mas o pouco que me restava dizia que amanhã seria a vez da Vaidade.
Ela ainda perguntou:
- Você está com a Vaidade aí?
- Não, claro que não!
- Bem...
Me abraçou e encostou a cabeça em meu peito.
- Estou ouvindo seu coração!
Fiquei com medo de que achasse a Bondade ou qualquer outra Dade e perguntei:
- Está mais calma?
Hum, mas Leviandade e Curiosidade ela não suportava, e acabou com as duas num golpe só!
Agora era demais e tudo tem seus limites!
Minha Ruindade veio de uma vez.
Pra quê! Seu salto fez miséria antes que eu implorasse:
- Piedade, Piedade!!
A cada pisão parecia mais satisfeita.
20/05/05

domingo, 2 de agosto de 2009