domingo, 19 de junho de 2011

Poema da Garçonaria

Poema da Garçonaria

Você passa a ser da garçonaria
quando uma frase
“Me vê mais uma!”
Passa a ser o disparo da corrida.

Você é da garçonaria
quando moeda
vira caixinha.

Você é da garçonaria
quando em seu bolso
sempre tem um abridor
e uma caneta.

Você é da garçonaria
quando sorri ao escutar
“Vê a saidêra!”

Você é da garçonaria
quando já não mais acredita
em promessas
de mesa de bar
“Meu primo
robou a lua
e ‘amanhã’
vou trazer um pedaço
dela pra você
que é gente fina!”

Você é da garçonaria
quando não mais te dizem
“Obrigado”.

Você é da garçonaria
quando os casais
se tocam na sua
frente
quando os viciados
se viciam
na sua
frente
quando os segredos
são ditos
sem te pedirem segredo
quando as
conversas modulam
de tom
com a sua presença
ao limpar a mesa
dos bêbados tímidos.

Você é da garçonaria
quando palavras
como:“Prato, chapa,
comanda, porção,...”
Repetem na sua cabeça
a milhão.

Você é da garçonaria
quando algum engraçadinho
numa mesa engraçadinha
usa você para fazer
algo engraçadinho
e você
só com o olhar
consegue passar a mensagem
de
“Babaca eu vou cuspir na sua empada!”
e
eles calam
sem você dizer nada.

Você é da garçonaria
quando numa briga
(do nada)
é o mais provável
a levar uma garrafada.

Mas você realmente é da garçonaria
quando você se empolga
por ter saído vale
e suas costas não estão doendo
no dia da folga.

15/06/11

sexta-feira, 3 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

VI LI OUVI : "Mastigando Humanos"




O meu favorito era Olívio, até que há um mês li o Mastigando Humanos. Já havia protelado, desde o lançamento, se não me engano é de 2006, cheguei a ler o 1º cap em algum lugar e nada, até que olhando as prateleiras da biblioteca da escola (sim, da Escola pública!! Se os professores de português conhece? Aí já é pedir demais!)lá o encontro depois de tanto tempo. Peguei, emprestei e li (e já devolvi!). Puta que livro inspirado, depois do chatíssimo A morte sem Nome, esse (eu ia escrever golaço, mas o Santiago detesta futebol), ou melhor, essa, bocada certeira!


Basicamente é um jacaré que aprende a falar, ler, escrever, até agora ainda estou em dúvida se ele aprendeu, e se aprendeu até que ponto. pois com uma boca como a dele é difícil mantê-la fechada. E com essas faculdades somadas a do repteliano ser, ele passa a escrever suas memórias.


A parte que ele diz que seu primeiro amor foi um tambor de óleo chamado Santana, é um dos momentos mais inspirados de toda a literatura brasileira.


Tá, o livro não me agradou 100%, digo que 98%, detestei o subtítulo, e o final, não que o final seja ruim, mas... mas nada, as páginas que você acompanha o jacaré pelo esgoto, nadando do caldo sujo e grosso, olhando o mundo pelo bueiro, bebendo e fumando com o Sapo Vergueiro, lidando com o sistema dos ratos...


Enfim desde A vida dos Insetos do russo Victor Pelevin (ainda precisso escrever sobre o Pelevin) não via uns bichos tão doidos.


Sim, é claro que o Santiago tem blog, e tem videos no youtube, entrevista com o jô e outras. O Henrique, que está metido comigo no curta A Fada dos Dentes, conhece ele da faap, e fizeram uns videos juntos, uns lance de body modification, mas pra mim o quente do Santiago são os livros.


Não li o "Prédio, o tédio,..." não sei qual é, mas não vou com a cara, mas depois do mastigando, tenho que rever essas indisposições a priori. Sábado passado saiu na folha uma crítica o seu livro de contos, o cara detestou, vamos ver, ver e ler.