Quando se tem e não se tem
Ele estava sentado no banco. A perna direita cruzada sobre a perna esquerda.
Era justo a perna direita que ele não tinha. O que havia ali era uma prótese que a barra da calça levantada só permitia ver do “joelho” pra baixo, uma espécie de plástico até o meio da canela e dali até o pé um cano e o pé, também plástico, ou fibra...
O conjunto todo me parecia um ex-voto de um triatleta que havia perdido a perna prum tubarão em algum lugar dos anos 80.
Mas nada disso tinha chamado minha atenção, cutucado meu espanto e nenhuma dessas linhas seriam escritas se naquela manhã de inverno e sol, ele sentado ali não estivesse tão distraidamente, alheio a minha presença ou a presença de qualquer outro, a coçar a perna de plástico.
04/07/11
Um comentário:
Bem seu esse texto... por isso bom... muito!
Saudade imensa.
Paula.
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