quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Com os olhos que a terra há de comer!



Quando se tem e não se tem

Ele estava sentado no banco. A perna direita cruzada sobre a perna esquerda.

Era justo a perna direita que ele não tinha. O que havia ali era uma prótese que a barra da calça levantada só permitia ver do “joelho” pra baixo, uma espécie de plástico até o meio da canela e dali até o pé um cano e o pé, também plástico, ou fibra...

O conjunto todo me parecia um ex-voto de um triatleta que havia perdido a perna prum tubarão em algum lugar dos anos 80.

Mas nada disso tinha chamado minha atenção, cutucado meu espanto e nenhuma dessas linhas seriam escritas se naquela manhã de inverno e sol, ele sentado ali não estivesse tão distraidamente, alheio a minha presença ou a presença de qualquer outro, a coçar a perna de plástico.

04/07/11

J.R.Bazilista




Um comentário:

Anônimo disse...

Bem seu esse texto... por isso bom... muito!
Saudade imensa.
Paula.